De onde vem esse nosso medo do ser humano?
Sentimos medo o tempo todo; todo mundo tornou-se um suspeito
em potencial aos nosso olhos. Um psicopata, um assassino, um pedófilo, um
assaltante...o desconhecido agora é um criminoso que existe, muitas das vezes,
somente em nossa mente.
Nem a mesa na Praça de Alimentação, do Shopping, nós
queremos dividir! Pensamos em ficar sozinhos no ônibus, numa viagem, em não
termos companhia nas poltronas vizinhas da nossa, no cinema.
Quando penso que fomos criados da mesma forma, pelo mesmo
Criador, fico surpresa em pensar que a humanidade tem medo da humanidade! Temos
receio de andar nas ruas sozinhos, de cumprimentarmos os vizinhos, de ceder o
lugar na fila no supermercado, de ndar de táxi e por aí vai. O Mestre andava em
meio à multidão e TOCAVA as pessoas! Hoje em dia nem queremos ser tocados e não
tocamos as pessoas que não conhecemos, como se elas fossem portadoras de
doenças contagiosas.
Como o Mestre andaria hoje em dia, nas ruas? De carro
blindado?
Perdemos a sensibilidade.
Certo dia eu estava em casa, com meu bebê pequeno,
quando um moço tocou a campainha. Pediu-me um prato de comida. Como sempre eu
fiz, esquentei um prato de comida, abri o portão, dei-lhe sabonete e toalha
para que lavasse as mãos na torneira que ficava no corredor de entrada de minha
casa. Ele lavou as mãos, enxugou-as, pegou o prato. Disse a ele que não ficasse
na calçada mas que comesse no corredor por conta do sol. Dei um copo de água
gelada e guardanapos.
Como gosto de saber da história das pessoas, comecei a
conversar com ele. Esse moço, Leandro, estava, segundo ele, de passagem na
cidade, pois havia vindo de outra cidade com promessa de emprego certo. Ele
estava esperando o dia certo para ir ver esse serviço e estava de favor em casa
de amigos. Como estava com sacolas nas mãos, dei-lhe uma mochila e algumas
roupas de meu esposo, dizendo-lhe que ele precisaria de roupas limpas para essa
entrevista de emprego. Depois orei por ele, pedindo ao Senhor que o abençoasse
e que ele encontrasse o que procurava.
Então, Leandro, ao se despedir de mim fez-me uma pergunta:
“ – Por quê a senhora está fazendo isso? ”
“ – Fazendo o quê?”, perguntei.
“- Abrindo o portão, sendo gentil e me atendendo dessa
forma! As pessoas costumam ignorar, nem abrem a janela, não se importam.”
Respondi então que ele era um ser humano como eu, criado da
mesma forma que eu fui criada, pelo mesmo Criador e que, na minha opinião, não
teria porquê eu ter medo de outro ser humano!
É simples. Quando olhamos o outro com o olhar do Mestre,
tudo fica diferente. Quando lembramos que aquela pessoas tem desejos, anseios,
vontades e dificuldades assim como nós temos, quando lembramos que o Senhor não
faz acepção de pessoas e nos disse para amarmos o nosso próximo como a nós
mesmos, fica fácil.
Empatia. Amor. Misericórdia. Graça.
Que você olhe diferente a pessoa que está ao seu lado hoje.
Marisa Abeid